Docentes: Paula Sibilia, Gabriel Gomes e Thábata Coelho.
Curso: Digitalização das comunicações e fragmentação da esfera pública
Neste curso discutiremos as relações entre o crescente uso de tecnologias digitais de comunicação e informação, por um lado, e certos aspectos das subjetividades e sociabilidades contemporâneas, por outro lado, com ênfase na fragmentação da esfera pública e seus impactos nas formas de se fazer política. Serão analisadas algumas transformações históricas ocorridas nas últimas décadas, que indicam uma crise nas instituições e nos valores modernos. Com essas mudanças, abre-se o horizonte para o surgimento de novas moralidades, em acirrada disputa, que contribuem para o desabamento dos antigos critérios e habilitam a naturalização de comportamentos inéditos. Para ancorar esses processos em exemplos concretos, abordaremos casos em que se manifestam fenômenos bem atuais, como as guerras culturais e as batalhas morais, os discursos odiosos e a expressão de ressentimentos, as bolhas da internet e suas câmaras de eco, a proliferação de “pós-verdades” e fake news. Em suma, um conjunto de novidades que resultam numa fragmentação do tecido social, numa crise do debate público e numa explosiva dificuldade para se chegar a qualquer consenso.
Bibliografia básica:
BRUNO, Fernanda Glória; BENTES, Anna Carolina Franco; FALTAY, Paulo. “Economia psíquica dos algoritmos e laboratório de plataforma: mercado, ciência e modulação do
comportamento”. Revista FAMECOS, [S. l.], v. 26, n. 3, p. e33095, 2019.
DA EMPOLI, Giuliano. Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e
influenciar eleições. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
HABERMAS, Jürgen. Uma nova mudança estrutural da esfera pública e a política deliberativa. São Paulo: Editora Unesp, 2023.
LYNCH, Christian; CASSIMIRO, Paulo Henrique. O populismo reacionário: ascensão e legado do bolsonarismo. São Paulo: Editora Contracorrente, 2022.
MACHADO, Jorge; MISKOLCI, Richard. “Das jornadas de junho à cruzada moral: o papel das redes sociais na polarização política brasileira”. Revista Sociol. Antropol, Rio de janeiro, v.09.03: 945–970, set.–dez., 2019.
MISSE, Michel. “Sobre a acumulação social da violência no Rio de Janeiro”. Civitas, Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 227-248, 2008.
NUNES, Rodrigo. Do transe à vertigem: ensaios sobre bolsonarismo e um mundo em transição. São Paulo: Ubu Editora, 2022.
SIBILIA, Paula. “Da hipocrisia aos cinismos: transformações do “solo moral” nas democracias contemporâneas”. In: Revista Eco-Pós, v. 26, p. 324-348, 2023.SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo (cap. 1 e 2). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
TEIXEIRA VIEIRA DE MELO, Cristina; VAZ, Paulo. “Guerras Culturais: conceito e trajetória”. Revista Eco-Pós, [S. l.], v. 24, n. 2, p. 6–40, 2021.
VAZ, Paulo; SANTOS, Amanda; SANCHOTENE, Nicole. “Como importar uma guerra cultural: populismo conservador e a crítica ao multiculturalismo no Brasil. In: HELLER,
Barbara; CAL, Danila; ROSA, Ana Paula (Org). Midiatização (in) tolerância e reconhecimento, Salvador: EDUFBA, v. 1, p. 131-158, 2020.